O controle de natalidade como responsabilidade dos homens é o foco de uma das mesas de discussão do congresso Future of Contraception Initiative, que acontece neste fim de semana em Seatlle, nos Estados Unidos. Pesquisadores vão apresentar estudos sobre a confecção de anticoncepcionais masculinos. Alguns deles, segundo o jornal "Huffington Post", já estão com as pesquisas avançadas e podem chegar, mais cedo do que se pensa, ao mercado. Mas, por enquanto, o que falta é dinheiro.
"As Nações Unidas preveem que a população mundial vai atingir os sete bilhões de pessoas no meio dessa conferência. E, na maioria desses casos, as mulheres ficam grávidas sem querer", diz o doutor William Bremner, professor e membro do Departamento de Medicina da Universidade de Washington e um dos organizadores do congresso: "O controle de natalidade ajuda os casais e as comunidades e, certamente, existe a demanda por novas opções de contraceptivos".
Entre essas opções estariam as pílulas para os homens. Pesquisadores descobriram que uma combinação entre testosterona e progesterona sintéticos é capaz de interromper a produção de espermatozoides, não em todos, mas em alguns homens. Bremmer estima que, nos últimos 10 ou 15 anos, entre dois e três mil homens passaram por testes com essas drogas.
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A questão agora é: quando esses remédios estariam disponíveis em todo o mundo? "Precisamos que uma entidade comercial invista em nossas pesquisas, para que elas avancem até a aprovação no FDA [instituição americana que aprova ou não novos medicamentos] e uma posterior ação de marketing", explica Diana Blithe, Ph.D., diretora do programa para o desenvolvimento de anticoncepcionais no Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano.
Outra questão importante promete gerar discussões quando o anticoncepcional estiver disponível: será que os homens estariam dispostos a utilizá-los? Um estudo recente da revista científica Human Reproduction sugere que eles teriam, sim, interesse em um contraceptivo só para eles.
Foram abordados mais de nove mil homens, entre 18 e 50 anos, em nove países e, em geral, 55% deles disseram que estariam dispostos a usar ou a tomar um novo agente de controle de fertilidade. Em alguns lugares, essa percentagem chegou a 70%.
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O médico Bremmer confirma esse interesse dos homens no assunto. Ele afirma que estudos já mostraram que mais de 30% de homens americanos fazem uso de algum método anticoncepcional - camisinha ou vasectomia.
"A vasectomia é muito eficaz [na prevenção da gravidez], mas praticamente irreversível. Os preservativos não são tão bons e os homens, muitas vezes, não gostam deles. Mas, mesmo com esses problemas, ainda são usados com bastante regularidade", afirma o médico.
Bremmer reclama da falta de verba para o avanço das pesquisas. Segundo ele, nos 20 anos em que trabalha no tema, ele não tem visto muitos esforços das fundações, do governo ou da indústria farmacêutica para dar um gás nos estudos.
"Há uma percepção muito comum lá fora, que os homens são inúteis, mais ou menos, quando se trata de contracepção, e esse não pode ser o caso", lamenta ele.
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